Como você vê seu lugar?

A cidade é a nossa casa, o nosso lugar de estar. Algumas nascem planejadas e outras são reflexos de ocupações espontâneas.Eu nasci em Guajará-Mirim-RO, uma cidade planejada. Cresci me deslocando por vias com 20m de largura, calçadas com 2,5m em cada lado – quando não se falava em acessibilidade. Neste mesmo lugar as quadras eram quase todas com tamanho padrão de 100m x 100m, formando uma retícula como um tabuleiro de xadrez. Qualquer pessoa com o mínimo de percepção encontra facilidade para andar por uma cidade assim.

No final da minha adolescência eu segui para Fortaleza-CE – uma cidade litorânea e que apresenta um sistema viário que parece conduzir os habitantes para a orla marítima. É bem verdade que na área mais central há a ocorrência de vias bem estreitas que dificultam a mobilidade urbana, mas por outro lado, muito se investiu na infraestrutura deste lugar a fim de dar fluidez no trânsito.

Tendo se cumprido o tempo de minha formatura em Arquitetura e Urbanismo, me desloquei para Rio Branco-AC, onde fui conhecer uma cidade com desenho único, como uma colcha de patchwork: Cada pedaço tem sua característica, seu cenário próprio. Essa cidade possui vias estruturantes que se cruzam, criando recortes – alguns reticulados e outros com vias em curvas e bifurcações e o resultado é o de muitas variedades de localidades dentro um mesmo perímetro.

Com o passar dos anos a minha visão foi ampliada. A formação e a vivência nas duas outras cidades, além da minha terra natal, tiraram de mim o estigma de achar que tudo estava pronto e quando muito, cresceria em total obediência ao plano inicial – essa era a percepção da menina guajará-mirense. Hoje sei que as cidades são vivas e vão se ajustando ao longo dos anos. E você, como percebe a cidade que é a sua morada?

Arq. Ana Cunha

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